3º Capítulo (1º parte)
Ouvi
os pássaros a cantar. Era Terça de manhã.
- Raio dos pássaros – disse entredentes.
Ainda estava meia ensonada. Mas
tinha dormido tão bem.
Levantei-me da cama, passei o
rosto por água, e de seguida dirigi-me para a cozinha.
Preparei uma taça de cereais com
leite frio. Enquanto comia, reparei que estava um pequeno papel amarelo na
porta do frigorífico.
Querida, eu e o pai saímos.
Voltamos às 16h. Se precisares de algo, liga. Beijinhos, Mãe e Pai.
A caligrafia da minha mãe era simplesmente
linda e invejável. Desde pequena que ficava admirada da maneira como escrevia.
Sempre graciosamente e calmamente.
Espera. Tinha
a casa só para mim durante seis horas inteiras?, pensei.
Nem pensei duas vezes. Mal
acabei de comer fui logo tomar um banho. Desta vez tomei um mais demorado e
relaxante. Pus os auriculares nos ouvidos, e deixei-me embalar. Era exactamente
disto que precisava.
Lembrei-me de ontem. Do Diogo.
Apesar de o achar um grande convencido, há algo nele que me atrai. Há algo nele
que me faz querer ser simplesmente má. Sim, ele também não facilitava lá muito,
mas mesmo assim, havia lago... Algo no seu olhar, liga-se a mim, mantendo-me
presa a ele, como se só nós os dois estivéssemos a viver o momento. Algo nos
seus olhos castanhos-escuros não me deixa ir.
Mas não me podia esquecer que apesar
disso tudo, ele era um grande convencido! E que provavelmente só deve querer
«divertir-se».
Bem, não vou estar a desperdiçar mais
tempo, a pensar nele, afinal de contas, não passava de mais um rapaz arrogante,
que tinha acabado de fazer dezanove anos.
Decidi ligar à Mafalda. Ela era a
minha melhor amiga, e se eu precisa-se de alguma coisa ela saberia, só de ouvir
a minha voz.
- Bom dia! – Respondeu ela.
- Então, o que é que vais fazer hoje?
– Perguntei.
- Não sei, estás a pensar em quê?
- Os meus pais estão fora, e só voltam
às quatro. Queres passar por cá? Podes cá vir almoçar. – Fiz figas.
- Hmm, parece-me bem! – Respondeu.
- Ok, aparece daqui a meia hora.
- Ok – respondeu-me. Do outro lado da
linha, podia sentir só pelo tom de voz que estava a sorrir.
- Olha, vou pôr a Joyce e a Sofia em
conferência, ok?
- Ya, ya põe!
- Oi! – Disse a Joyce.
- Olá – respondi.
- Oi Mafaldinha!
- Hi! – Respondeu a Mafalda.
- Olha, convidei agora mesmo a Mafalda
para vir cá a casa almoçar, alinhas?
- Ish, não vai dar. Prometi à minha
mãe que ia com ela ver a casa nova…
- Oh! – Respondeu Mafalda. Fez uma
pequena pausa e continuou – Então como é que vai isso?
-
Uma maravilha! Se tudo correr bem, no próximo mês mudamo-nos
- Ainda bem! Já vais ficar mais perto
de nós! Aleluia – disse eu, cantarolando.
- Mesmo! – Joyce aclarou a voz - Bem,
e se combinássemos esse almoço para outro dia?
- Por mim é na boa! – Respondi-lhe –
Tentei ligar à Sofia, mas ela desligou.
- Uiii, essa. Nem deve de atender nas
próximas horas…
- Porque é que dizes isso? – Perguntou
Mafalda rindo-se tal como eu.
- Já sabem como é que ela é, meninas…
- Sim, nisso tens razão. O que é que
será que aquela maluca deve estar a fazer agora? – Perguntei.
- Ou com quem é que deve estar agora… - Propôs a
Joyce, libertando uma ligeira risada.
- Oh Joycinha, sabes de alguma coisa?
– Perguntou Mafalda num tom de brincadeira. Parecia intrigada. Não era a única.
- Yaaa Joyce, contaaa! – Concordei cm
Mafalda.
- Ok ok, ela está num encontro com
aquele rapaz do bar….
Desatámo-nos todas a rir.
- Estás a gozar! – Perguntei, ainda a
rir.
-
Aquela rapariga não perde uma! – Disse a Mafalda, também a rir-se.
- Mesmo! – Concordou Joyce – Bem
meninas, a conversa está mesmo muito interessante, mas eu tenho de desligar…
Beijo!
- Beijinhos – Respondi eu e a Mafalda
em conjunto.
A Joyce desligou.
- Bem, espero-te daqui a meia hora,
então Mafalda.
- Ok. Até já. – Respondeu-me, o que me
pareceu a sorrir.
Desligou também.
Meia hora depois ouvi a campainha tocar.
- Olá! – Disse eu.
- Olá! – Respondeu Mafalda.
- Entra, entra. Põe-te à vontade.
- Então o que é que vamos almoçar? –
Perguntou curiosa.
- Estava a pensar em encomendar uma pizza, que te parece? –
Perguntei.
- Parece-me muito bem! – Respondeu-me
sorrindo ao mesmo tempo.
- Eu vou preparar as coisas, e tu
encomendas, ok? – Perguntei.
- Ok.
Como íamos ser só nós as duas,
preparei tudo na sala.
Passado algum tempo, a campainha tocou
de novo.
- Eu vou lá. – Disse a Mafalda.
- Ok, o dinheiro está na mesinha de
entrada – respondi.
A Mafalda pagou ao estafeta, fechou a
porta e dirigiu-se para a sala.
- Cheira mesmo bem! – Disse eu.
-
E deve saber ainda melhor!
Sentámo-nos no sofá. Cortei a pizza, e cada uma serviu-se.
Continua...
Mariana Campos
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