sexta-feira, 30 de março de 2012

Suspiro- 2º Capítulo (3º Parte)


E aqui vai a terceira, e última parte do romance, Suspiro, e não se desanimei em breve terão o 4º capítulo... Esperem só para descobrirem o que vem aí, garanti mo vos que é algo super emocionante, vão espreitando...

- Desta vez é «Vai-te ao bife». Ok, a parada está a subir. Tens mais amigas? Só por acaso…
Claro só podia ser Diogo. Não acredito! Outra vez? Será que eu já não tinha ficado corada o suficiente esta noite?
     - Tens o hábito de ouvir as conversas alheias, não tens?
     - Ah, e de ler, não te esqueças. – Disse com o seu sorriso matreiro.
     Levantei a sobrancelha, dando-lhe a minha resposta.
     - Talvez deverias seguir o concelho das tuas amigas…
     - Sabes que mais, estou um bocado farta da tua atitude de convencido, arrogante atiradiço. – Já não aguentava a sua atitude.
     Uma coisa era ser uma vez ou assim. Outra coisa era ser-se constantemente, e isso deixava-me mesmo desconfortável.
     - Sou realista. – Sorriu.
     Sim, ainda teve a lata de sorrir.
     - Mas vá, essa tua amiga já parecia um bocado tarada, por assim dizer.
     - Pois pareceu, mas é boa pessoa. E tem não é nenhuma chata nem arrogante.
     - Auch. – Respondeu ironicamente.
     Abanei a cabeça e revirei os olhos. No momento em que decidi voltar de novo para dentro, Diogo deteve-me com as suas palavras.
     - Também já estava a precisar de apanhar ar…
     - Hoje está mesmo calor, e estamos Lisboa, que costuma ser um pouco fria à noite... – Decidi tentar de novo. À terceira é de vez.
- Mas sabes que nem sempre é por questões climatéricas, que ficamos com calor – aproximou-se – ou com vontade de apanhar ar.
 Mas que lata! Já se estava a atirar outra vez! Ok, chega!
 - Ok, agora tenho a certeza ABSOLUTA: és um enorme convencido. O maior que já conheci! Tás no topo da lista!
Virei-me furiosamente para a direcção da porta. Só queria sair dali, de ao pé dele. Porém, ele agarrou suavemente o meu braço e fez-me ficar ali.
 - Auch. Serei? Ou só direi a verdade de maneira mais directa. De uma forma que as pessoas não estão habituadas, e então começam, ou pelo menos parece, - fez uma pausa, e aproximou-se – ficarem um pouco incomodadas. Mas de uma maneira que me agrada. Ficam de uma maneira… nervosa. Corada até. Como estás agora.
Abanei a cabeça. Mas ele pressionou-me um pouco o braço, e não sei porquê, aqueles olhos penetrantes fizeram-me ficar ali.
 Começámo-nos a aproximar, não para trocar-mos um beijo, mas para estudarmo-nos um ao outro. Era quase impossível afastarmo-nos.
 Um vago pensamento passou-me pela cabeça: Como é que uma pessoa podia parecer ser tão sincera e ser ao mesmo tempo super convencida!? Se ele pensa que caio nessa, nem pense! Porém, havia algo nele, talvez na sua voz, algo que me acalmava, que me fazia sentir bem.
 - És – disse eu.
 Parámos.
 À porta estava a minha mãe, e percebi o seu tom de voz.
 - Meninos, desculpem estar a interromper, - aclarou a voz. Naquele momento agradeci por nos ter interrompido - mas está na hora de cantar os Parabéns.
Enruguei a testa e virei a minha atenção para a porta.
 - Parabéns? – Perguntei - Quem é que faz anos mãe?
 - Eu – disse o Diogo.
 Parei em pensamento. Com um sorriso de esguelha, disse só para ele:
 - Isso explica muita coisa.
 Ele também sorriu, percebendo.
 - Disseste alguma coisa querida? – Perguntou a minha mãe.
 - Estava só a dar os parabéns ao Diogo, mãe.
 A minha mãe sorriu ligeiramente.
No caminho de regresso à mesa, perguntei ao Diogo:
 - Quantos?
 - Dezanove – respondeu.
 Chegámos, e em cima da mesa estava um bolo de chocolate muito elegante, requintado até.
 - Hoje o meu menino faz dezanove aninhos. Estou tão contente! – Disse a Sra. Abreu.
 Ui, maior o ego, pensei.
 Cantámos os parabéns.
 Não deixei de reparar que ele estava a olhar para mim, e estava para variar, com um sorriso matreiro.
 O jantar tinha por fim terminado e já estávamos na parte das despedidas.
 - Gostei muito de te conhecer Alice – disse o Sr. Abreu
 - Eu também. – Sra. Abreu concordou também com o companheiro. - Aparece lá por casa um dia destes querida.
Senti o olhar do Diogo pousar em mim
- Aliás, os teus pais também são bem-vindos. – Brincou Sra. Abreu.
 - Teremos muito gosto – respondeu a minha mãe.
 - Obrigada, também gostei de a conhecer a si e ao Sr. Abr… Quer dizer, Gonçalo.
 - Gostei de a conhecer Leonor – Disse Diogo beijando encantadoramente a mão da minha mãe.
 - Oh, eu também Diogo. Aparece lá em casa também um dia destes para jantar.
 - Terei muito gosto Leonor, obrigado – respondeu Diogo.
Nem pensar, pensei. Não queria que a minha casa ficasse impregnada com a presença «daquela» coisa.
 Diogo virou-se para mim, para se despedir também.
 - A tua mãe não foi a única que gostei de conhecer. – Disse mas baixinho.
 - Sim, também tive muito prazer em ‘rever-te’ – respondi-lhe, tentando parecer um pouco desinteressada.
 Aproximou-se para me dar um beijo na cara. Quando senti os seus lábios delicados tocarem na minha pele, arrepiei-me. Quando me ia a dar o segundo beijo, afastei-me ligeiramente, o suficiente para lhe dar uma barra.
 Toma, pensei.
Ele percebeu a ‘barra’, e esboçou um ligeiro sorriso de diverção.
   - Até á próxima Alice. Vemo-nos por aí… – disse ele de uma forma sedutora, ao mesmo tempo gozona.
 - Sim. Vemo-nos por aí…
 Saímos todos do restaurante, e cada família seguiu o seu rumo.
 Já a caminho de casa, o meu pai perguntou-me:
 - Então Alice, gostaste?
 - Sim pai… Foi, bom.
 - Então Afonso, não notas que ela gostou mais do Diogo – brincou a minha mãe.
 Claro, se ela não se referisse ao Diogo, eu até diria que algo não estava certo.
 - Mãe! Tu és cá uma casamenteira!
 - “Quem diz a verdade, não merece castigo”, querida.
 - Está bem, está bem. – Respondi a rir-me suavemente.
Era típico da minha mãe dizer alguns piropos de cada vez que eu conhecia um rapaz giro… correcção, quando conhecia apenas um rapaz.
     Chegámos finalmente a casa.
 Fui directa para o meu quarto. Vesti o pijama e fiz a higiene oral. Assim que pude, deitei-me na cama.
     Quando fechei os olhos, relembrei o longo dia que tive pela frente: O começo em grande! As nádegas da Joyce com um enorme escaldão, e claro o Diogo. Ele era sem dúvida um rapaz arrogante e convencido. Não queria ter nada a ver com ele.   
     Porém, pergunto-me: Voltarei a ver-te?

CONTINUA...
Mariana Campos

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