E aqui vai a terceira, e última parte do romance, Suspiro, e não se desanimei em breve terão o 4º capítulo... Esperem só para descobrirem o que vem aí, garanti mo vos que é algo super emocionante, vão espreitando...
- Desta vez é «Vai-te ao bife». Ok, a
parada está a subir. Tens mais amigas? Só por acaso…
Claro só podia ser Diogo. Não acredito!
Outra vez? Será que eu já não tinha ficado corada o suficiente esta noite?
- Tens o hábito
de ouvir as conversas alheias, não tens?
- Ah, e de ler,
não te esqueças. – Disse com o seu sorriso matreiro.
Levantei a
sobrancelha, dando-lhe a minha resposta.
- Talvez deverias
seguir o concelho das tuas amigas…
- Sabes que mais,
estou um bocado farta da tua atitude de convencido, arrogante atiradiço. – Já
não aguentava a sua atitude.
Uma coisa era ser
uma vez ou assim. Outra coisa era ser-se constantemente, e isso deixava-me
mesmo desconfortável.
- Sou realista. –
Sorriu.
Sim, ainda teve a
lata de sorrir.
- Mas vá, essa
tua amiga já parecia um bocado tarada, por assim dizer.
- Pois pareceu,
mas é boa pessoa. E tem não é nenhuma chata nem arrogante.
- Auch. –
Respondeu ironicamente.
Abanei a cabeça e
revirei os olhos. No momento em que decidi voltar de novo para dentro, Diogo
deteve-me com as suas palavras.
- Também já
estava a precisar de apanhar ar…
- Hoje está mesmo
calor, e estamos Lisboa, que costuma ser um pouco fria à noite... – Decidi
tentar de novo. À terceira é de vez.
- Mas sabes que nem sempre é por
questões climatéricas, que ficamos com calor – aproximou-se – ou com vontade de
apanhar ar.
Mas que lata! Já se estava a atirar outra vez!
Ok, chega!
- Ok, agora tenho a certeza ABSOLUTA: és um
enorme convencido. O maior que já conheci! Tás no topo da lista!
Virei-me furiosamente para a direcção
da porta. Só queria sair dali, de ao pé dele. Porém, ele agarrou suavemente o
meu braço e fez-me ficar ali.
- Auch. Serei? Ou só direi a verdade de
maneira mais directa. De uma forma que as pessoas não estão habituadas, e então
começam, ou pelo menos parece, - fez uma pausa, e aproximou-se – ficarem um
pouco incomodadas. Mas de uma maneira que me agrada. Ficam de uma maneira… nervosa. Corada até. Como estás agora.
Abanei a
cabeça. Mas ele pressionou-me um pouco o braço, e não sei porquê, aqueles olhos
penetrantes fizeram-me ficar ali.
Começámo-nos a aproximar, não para trocar-mos
um beijo, mas para estudarmo-nos um ao outro. Era quase impossível
afastarmo-nos.
Um vago pensamento passou-me pela cabeça: Como
é que uma pessoa podia parecer ser tão sincera e ser ao mesmo tempo super
convencida!? Se ele pensa que caio nessa, nem pense! Porém, havia algo nele,
talvez na sua voz, algo que me acalmava, que me fazia sentir bem.
- És – disse eu.
Parámos.
À porta estava a minha mãe, e percebi o seu
tom de voz.
- Meninos, desculpem estar a interromper,
- aclarou a voz. Naquele momento agradeci por nos ter interrompido - mas está na
hora de cantar os Parabéns.
Enruguei a testa e virei a minha
atenção para a porta.
- Parabéns? – Perguntei - Quem é que faz anos
mãe?
- Eu – disse o Diogo.
Parei em pensamento. Com um sorriso de
esguelha, disse só para ele:
- Isso explica muita coisa.
Ele também sorriu, percebendo.
- Disseste alguma coisa querida? – Perguntou a
minha mãe.
- Estava só a dar os parabéns ao Diogo,
mãe.
A minha mãe sorriu ligeiramente.
No caminho de regresso à mesa,
perguntei ao Diogo:
- Quantos?
- Dezanove – respondeu.
Chegámos, e em cima da mesa estava um bolo de
chocolate muito elegante, requintado até.
- Hoje o meu menino faz dezanove aninhos.
Estou tão contente! – Disse a Sra. Abreu.
Ui, maior o ego, pensei.
Cantámos os parabéns.
Não deixei de reparar que ele estava a olhar
para mim, e estava para variar, com um sorriso matreiro.
O jantar tinha por fim terminado e já
estávamos na parte das despedidas.
- Gostei muito de te conhecer Alice – disse o
Sr. Abreu
- Eu também. – Sra. Abreu concordou também com
o companheiro. - Aparece lá por casa um dia destes querida.
Senti o olhar do Diogo pousar em mim
- Aliás, os teus pais também são
bem-vindos. – Brincou Sra. Abreu.
- Teremos muito gosto – respondeu a minha mãe.
- Obrigada, também gostei de a conhecer a si e
ao Sr. Abr… Quer dizer, Gonçalo.
- Gostei de a conhecer Leonor – Disse Diogo
beijando encantadoramente a mão da minha mãe.
- Oh, eu também Diogo. Aparece lá em casa
também um dia destes para jantar.
- Terei muito gosto Leonor, obrigado – respondeu
Diogo.
Nem pensar, pensei. Não queria que a minha casa
ficasse impregnada com a presença «daquela» coisa.
Diogo virou-se para mim, para se despedir
também.
- A tua mãe não foi a única que gostei de
conhecer. – Disse mas baixinho.
- Sim, também tive muito prazer em ‘rever-te’
– respondi-lhe, tentando parecer um pouco desinteressada.
Aproximou-se para me dar um beijo na cara.
Quando senti os seus lábios delicados tocarem na minha pele, arrepiei-me.
Quando me ia a dar o segundo beijo, afastei-me ligeiramente, o suficiente para
lhe dar uma barra.
Toma,
pensei.
Ele percebeu a ‘barra’, e esboçou um
ligeiro sorriso de diverção.
- Até á próxima Alice. Vemo-nos por aí… – disse ele de uma forma
sedutora, ao mesmo tempo gozona.
- Sim. Vemo-nos por aí…
Saímos todos do restaurante, e cada família
seguiu o seu rumo.
Já a caminho de casa, o meu pai perguntou-me:
- Então Alice, gostaste?
- Sim pai… Foi, bom.
- Então Afonso, não notas que ela gostou mais
do Diogo – brincou a minha mãe.
Claro, se ela não se referisse ao Diogo, eu
até diria que algo não estava certo.
- Mãe! Tu és cá uma casamenteira!
- “Quem diz a verdade, não merece castigo”,
querida.
- Está bem, está bem. – Respondi a rir-me
suavemente.
Era típico da minha mãe dizer alguns
piropos de cada vez que eu conhecia um rapaz giro… correcção, quando conhecia
apenas um rapaz.
Chegámos
finalmente a casa.
Fui directa para o meu quarto. Vesti o pijama
e fiz a higiene oral. Assim que pude, deitei-me na cama.
Quando fechei os
olhos, relembrei o longo dia que tive pela frente: O começo em grande! As
nádegas da Joyce com um enorme escaldão, e claro o Diogo. Ele era sem dúvida um
rapaz arrogante e convencido. Não queria ter nada a ver com ele.
Porém,
pergunto-me: Voltarei a ver-te?
CONTINUA...
Mariana Campos
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