Passou as mãos pelo seu longo cabelo castanho caramelo, e perguntou-me:
- Então menina Alice, conta-me tudo! Como é que correu ontem no jantar? – Perguntou-me. Os seus olhos abriram-se ligeiramente, revelando o castanho que os preenchia.
- Nem me digas nada! – Respondi-lhe com um pequeno suspiro.
- Então? – Aproximando-se ligeiramente.
- Ele viu os SMS que troquei contigo.
- O quê? Oh meu deus, que mal! Deves ter ficado super corada! – Soltou uma gargalhada, e agora tinha um enorme sorriso na cara.
- É que fiquei mesmo! Mas pronto, ainda consegui desviar o assunto.
- Mas o que é que ele disse? – Perguntou-me ainda mais interessada. Deu uma dentada na pizza. Parecia que estava a comer pipocas, e aquela conversa era um filme de comédia.
- Perguntou se nós nos estávamos a referir a ele...
Soltou outra gargalhada
– Já sei, já sei, e depois deste-lhe a volta…
- Sim, pode-se dizer que sim… - balbuciei. Soou mais como um pensamento.
Dei o primeiro gole no sumo de laranja.
Como não podia deixar de esquecer, mencionei também a Joyce.
- Tu contas-te à Joyce?!
- Sim, mas foi ao acaso…
- Pois, é que ela chegou a ligar-me. Disse para eu «me fazer ao bife»! E…
- Espera, não me digas! Ele… - começou por dizer, interrompendo-me.
- Sim! Ele estava mesmo ao meu lado, e ouviu tudo, tudo, tudo!
A Mafalda explodiu numa enorme gargalhada. Quase que ia ficando sem ar. As suas faces estavam coradas, mas mais do que as minhas na noite anterior, não estavam nem perto.
Ainda a recuperar e a rir-se disse:
- Lindo! Eu devia ter estado lá! Estou mesmo a imaginar a tua cara. Devias fazer um filme com isto.
- Não tenhas dúvidas! Mas sabes, ele é um bocado convencido, e atiradiço – disse eu. Mas dizer um pouco, era como dizer quase nada.
- Uuuh, conta! – Respondeu entusiasmada.
Fiz um breve resumo das atitudes de Diogo. Como não podia deixar de ser, Mafalda gozou com alguma partes, típico dela.
- Hmmm, acho que vocês os dois, ainda…
- Nem te atrevas a acabar a frase! – Interrompi-a de imediato. - Como já te disse, ele é um convencido. A única coisa que quero dele é distância. – Disse aquilo de uma maneira natural, mas uma parte relutante em mim alertou-se. Eu não estava a ser totalmente sincera e isso chateava-me ainda mais.
- Oh, não sejas assim… Podias conhecê-lo melhor e…
- Mafalda.
- Ok, ok… Mas pensa nisso!
Olhei para ela com uma cara de quem diz «está bem, está bem».
Dei de novo uma trinca na pizza. Mafalda bebeu um pouco do seu sumo e a nossa conversa continuou.
- Então e tu?
- Eu o quê? – Perguntou apanhada de surpresa.
- Se estás interessada em alguém.
- Nop. Estou sem ninguém e estou muito bem assim.
- Hmmm, tens mesmo a certeza? – Perguntei-lhe, revelando-lhe um sorriso.
- Absoluta! – Retribuiu-me o sorriso.
- Ok, ok… vou esperar para ver…
Soltou uma pequena gargalhada e revirou os olhos ironicamente.
Sorri-lhe.
Mariana Campos
CONTINUA...
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