domingo, 29 de abril de 2012

Suspiro-3º Capítulo (2º parte)



 Passou as mãos pelo seu longo cabelo castanho caramelo, e perguntou-me:

     - Então menina Alice, conta-me tudo! Como é que correu ontem no jantar? – Perguntou-me. Os seus olhos abriram-se ligeiramente, revelando o castanho que os preenchia.

     - Nem me digas nada! – Respondi-lhe com um pequeno suspiro.

     - Então? – Aproximando-se ligeiramente.

     - Ele viu os SMS que troquei contigo.

     - O quê? Oh meu deus, que mal! Deves ter ficado super corada! – Soltou uma gargalhada, e agora tinha um enorme sorriso na cara.

     - É que fiquei mesmo! Mas pronto, ainda consegui desviar o assunto.

      - Mas o que é que ele disse? – Perguntou-me ainda mais interessada. Deu uma dentada na pizza. Parecia que estava a comer pipocas, e aquela conversa era um filme de comédia.

     - Perguntou se nós nos estávamos a referir a ele...

     Soltou outra gargalhada

     – Já sei, já sei, e depois deste-lhe a volta…

     - Sim, pode-se dizer que sim… - balbuciei. Soou mais como um pensamento.

     Dei o primeiro gole no sumo de laranja.

     Como não podia deixar de esquecer, mencionei também a Joyce.

     - Tu contas-te à Joyce?!

     - Sim, mas foi ao acaso…

     - Pois, é que ela chegou a ligar-me. Disse para eu «me fazer ao bife»! E…

     - Espera, não me digas! Ele… - começou por dizer, interrompendo-me.

     - Sim! Ele estava mesmo ao meu lado, e ouviu tudo, tudo, tudo!

     A Mafalda explodiu numa enorme gargalhada. Quase que ia ficando sem ar. As suas faces estavam coradas, mas mais do que as minhas na noite anterior, não estavam nem perto.

     Ainda a recuperar e a rir-se disse:

     - Lindo! Eu devia ter estado lá! Estou mesmo a imaginar a tua cara. Devias fazer um filme com isto.

     - Não tenhas dúvidas! Mas sabes, ele é um bocado convencido, e atiradiço – disse eu. Mas dizer um pouco, era como dizer quase nada.

     - Uuuh, conta! – Respondeu entusiasmada.

     Fiz um breve resumo das atitudes de Diogo. Como não podia deixar de ser, Mafalda gozou com alguma partes, típico dela.

     - Hmmm, acho que vocês os dois, ainda…

     - Nem te atrevas a acabar a frase! – Interrompi-a de imediato. - Como já te disse, ele é um convencido. A única coisa que quero dele é distância. – Disse aquilo de uma maneira natural, mas uma parte relutante em mim alertou-se. Eu não estava a ser totalmente sincera e isso chateava-me ainda mais.

     - Oh, não sejas assim… Podias conhecê-lo melhor e…

     - Mafalda.

     - Ok, ok… Mas pensa nisso!

     Olhei para ela com uma cara de quem diz «está bem, está bem».

     Dei de novo uma trinca na pizza. Mafalda bebeu um pouco do seu sumo e a nossa conversa continuou.

     - Então e tu?

     - Eu o quê? – Perguntou apanhada de surpresa.

     - Se estás interessada em alguém.

     - Nop. Estou sem ninguém e estou muito bem assim.

     - Hmmm, tens mesmo a certeza? – Perguntei-lhe, revelando-lhe um sorriso.

     - Absoluta! – Retribuiu-me o sorriso.

     - Ok, ok… vou esperar para ver…

     Soltou uma pequena gargalhada e revirou os olhos ironicamente.

     Sorri-lhe.
Mariana Campos
CONTINUA...

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