Felipe,
Por tua causa estou a começar a sentir-me perdida, sem saber o que faça, apenas sei que não quero fazer sofrer minha irmã.
Julgava que o passado já estava esquecido, mas enganei-me.
Enquanto namorávamos passámos momentos inesquecíveis, momentos ternos e escaldantes. Fazíamos planos para o futuro, um futuro em conjunto. Até que um dia, por um disparate discutimos, cada um foi para seu lado sem falar.
Eu apenas te queria esquecer, arrancar-te de minha cabeça, de meu coração. Fui viver com meu irmão na Alemanha. Apesar de estar longe de ti, num outro país não te conseguia esquecer.
Por onde passava, sempre havia pequenos pormenores que me faziam lembrar de ti, até mesmo quando me cruzava com um casal de mãos dadas.
À noite quando me deitava, sentia a tua falta a meu lado e meus sonhos, os mais escaldantes que podiam ser de nossos encontros. Acordava com meu coração acelerado, toda transpirada como se tivéssemos acabado de ter a noite mais escaldante de todas.
Desisti de economia e dediquei-me à música, mais especificamente ao violino. Foi numa tarde enquanto tocava, que conheci Richard um jovem advogado, pai do filho que espero.
À medida que nos fomos conhecendo apaixonámo-nos, por fim esquecera te e começara uma nova vida, com um novo amor.
Envolvemo-nos intensamente, começámos a fazer planos para uma vida em conjunto.
No dia seguinte ao seu pedido de casamento, faleceu num acidente rodoviário tão estúpido. Senti uma dor tremenda ao perde-lo, parecia que estava morrendo com ele. Recuperei a minha força de viver, quando descobri que esperava um filho seu.
Fiquei feliz por descobrir que estava grávida mas, sentia falta de minha família, o apoio de meus pais. Decidi então regressar para o meu país.
Quando chego cruzámo-nos e meu coração voltou a disparar ao te ver. Não demos o braço a torcer, descobri que estavas comprometido com minha irmã. Senti uma pontada de ciúmes, mas não podia ser, acabara de perder o meu noivo e tu estás com minha irmã.
Quando soubeste que estava grávida, ofereceste me ajuda diante da minha família e eu agradeci-te.
Mas agora, tudo mudou, quando estava à beira-mar e me beijaste, disseste que querias criar meu filho comigo, apesar de não ser teu. Que me amas, que nunca te esqueceste de mim.
Que raio de amor é este! Primeiro me fazes uma declaração destas, no dia seguinte pedes minha irmã em casamento.
Confesso que senti ciúmes com o pedido, julgava que já te esquecera mas estava enganada. Pois o que vivi com Richard não foi tão intenso, como o que vivi contigo.
Não quero ser a outra, não quero fazer sofrer minha irmã. Pensa com o coração, não com a cabeça no que vais fazer.
P.S. Também te amo.
Cristina
Paula Perleques
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